Cruzeiro Seixas| Resumo Biográfico

Artur Manuel Rodrigues do Cruzeiro Seixas nasceu na Amadora a 3 de Dezembro de 1920. Em 1935, matriculou-se na Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa, onde conheceu, entre outros, Mário Cesariny, Marcelino Vespeira, António Domingues, Fernando José Francisco, Fernando Azevedo e Júlio Pomar. Com estes e outros artistas participou, em 1943, em tertúlias de carácter vanguardista no Café Herminius da Av. Almirante Reis.

Depois de uma fase expressionista-neo-realista, as inquietações plásticas e os desejos de libertação estéticos e ideológicos levam Cruzeiro Seixas a abraçar o projecto perfilhado pelo Grupo Surrealista de Lisboa,

tornando-se, sempre se diga, uma das figuras de referência daquele grupo fundado em 1947 e liderado por Mário Cesariny de Vasconcelos.

Desde que assumiu os preceitos surrealistas não mais os abandonou, mantendo-se fiel ao onirismo figurativo dessa poética que empregou também em colagens e objectos. Com Mário Cesariny, António Maria Lisboa, Mário Henriques Leiria, Pedro Com, Fernando José Francisco, Risques Pereira, Fernando Alves dos Santos, Carlos Eurico da Costa, Carlos Calvet e António Paulo Tomás, organiza a Primeira Exposição dos Surrealistas na cidade de Lisboa (Janeiro de 1949, entre a Sé e o Aljube). No ano seguinte, participa na segunda exposição de “Os Surrealistas” (Lisboa, Livraria Francesa) e assina diversos manifestos e folhas volantes. Assiste, ainda, aos debates que Guilherme Filipe organiza no “Jardim Universitário de Belas Artes”.

Em 1951, Cruzeiro Seixas alista-se na Marinha Mercante, viaja até à Índia e Extremo Oriente, acabando por se fixar em África, Angola, durante doze anos. Durante esta estada descobriu a arte dita “primitiva”, em consonância com a recuperação que desta arte fizera o modernismo internacional. Em Angola, realizou uma parte significativa da sua obra, desenhada, pintada, objectualizada e escrita. Foi, precisamente, em Luanda que realizou a sua primeira exposição individual na qual apresentou 48 desenhos sob a evocação de Aimé Cesaire (no Cinema da Restauração a 24 de Outubro de 1953). Exposição que, como todas as outras que viria a realizar no continente africano, foi alvo de controvérsia e escândalo. Em 1960 começa a trabalhar no Museu de Angola, onde organiza exposições em moldes absolutamente novos no país, e, principalmente, formou um salão de pintura permanente. Não obstante o facto de, até à data, a sua experiência africana lhe ter propiciado muitos e grandes resultados no campo artístico, em 1964, com o intensificar da Guerra Colonial, Cruzeiro Seixas vê-se constrangido a regressar à Europa.

De volta a Portugal, participa em inúmeras exposições. Entretanto, o trabalho que iniciara no Museu de Angola prossegue-o em Lisboa, onde será consultor artístico da Galeria S. Mamede,

e posteriormente no Estoril (1976-1983), dirigindo a Galeria da Junta de Turismo da Costa do Sol e, em Vilamoura, a Galeria D'Arte (1985-1988).

Como consultor artístico da Galeria S. Mamede, durante cinco anos, organizou exposições com António Areal, Mário Cesariny, Jorge Vieira, Júlio, Carlos Calvet ou Helena Vieira da Silva e em muito contribuiu para a promoção de artistas emergentes, como Raúl Perez e Mário Botas. É ainda neste espaço que, pela primeira vez, são apresentadas no país obras de Henri Michaux e do Grupo CoBrA.

O ano de 1969 seria úbere em exposições artísticas: participa, entre outras, na XII Exposição Surrealista de São Paulo (no Brasil), inaugura com Mário Cesariny a Exposição Pintura Surrealista , na Galeria Divulgação, no Porto (12 a 21 de Junho), novamente com Cesariny integra a Exposição Internacional Surrealista , organizada por Laurens Vancrevel em Scheveningen (Holanda) e, por último, é organizada a primeira retrospectiva de Cruzeiro Seixas na Galeria Buchholz (Lisboa) com folha volante de Pedro Oom e prefácio de Rui Mário Gonçalves.

Em edições limitadas a 250 exemplares numerados e assinados, edita com Cesariny, em 1970, “Reimpressos Cinco Textos Surrealistas em Português ”, “Aforismos de Teixeira de Pascoaes ” e “ Contribuição ao registo de nascimento, existência e extinção do Grupo Surrealista Português ”. Ainda na década de 70, participa em inúmeras colectivas do movimento surrealista internacional, principalmente aquelas ligadas ao Grupo Phases (liderado pelo poeta e ensaísta Édouard Jaguer, ao qual havia, entretanto, aderido). Posteriormente, dá continuidade ao trabalho iniciado na Galeria de S. Mamede, durante mais de uma década nas supraditas galerias do Estoril e Vilamoura.

Em 1999, doa a totalidade da sua colecção à Fundação Cupertino de Miranda, com vista à constituição de um Centro de Estudos e Museu do Surrealismo. No ano seguinte, a conceituada Fundação de V. N. de Famalicão,

organiza, por ocasião do 80º aniversário de Cruzeiro Seixas, uma exposição retrospectiva e de homenagem ao artista. Mesmo depois de ter ultrapassado a barreira dos oitenta anos de idade, Cruzeiro Seixas continua a expor: em 2001 expõe com Eugenio Granell na Galeria Sacramento, em Aveiro e, nesse mesmo ano, tem lugar uma grande exposição retrospectiva, sendo paralelamente publicado o livro biográfico «Cruzeiro Seixas», na Fundação do mesmo artista Eugenio Granell em Santiago de Compostela . Nos anos seguintes, são ainda organizadas exposições retrospectivas da obra de Cruzeiro Seixas no Centro de Arte e Espectáculos da Figueira da Foz e na Galeria Municipal Artur Bual (Amadora).

Em 2005 são expostos 60 trabalhos de Cruzeiro Seixas em Santo Tirso, numa iniciativa "A Poesia está na rua", onde o artista apresentou, ainda, o terceiro volume da sua "Obra Poética ". Em Outubro desse ano, esteve patente na Livraria Alfarrabista Miguel de Carvalho (Coimbra) a exposição “Naufrágio de Ilustraletrações” onde foram expostos trabalhos de Cruzeiro Seixas, bem como uma série de cartas escritas pelo artista a importantes personalidades europeias.
Artista Versátil, explorou, ao longo de décadas, as infinitas poéticas do surrealismo. Animou a renovação da arte portuguesa, propiciando exposições de artistas novos e a divulgação de artistas e movimentos internacionais nas galerias onde colaborou;

Figurou em inúmeras exposições colectivas e individuais em Portugal e no estrangeiro, refira-se: “Maias para o 25 de Abril ”, que pretendia mostrar as obras proibidas pelo fascismo (1974), exposição de Cadavres-exquis e pinturas colectivas por ocasião dos 50 anos do Surrealismo (Galeria Ottolini, 1975), Exposição de homenagem a Conroy Maddox-Surrealism Unlimited (Londres, 1978), “Presencia viva de Wolfgang Paalen ”, (México, 1979), “ Desaforismos” individual na Galeria Soctip (1989, Prémio de Artista do Ano, instituído pelo Centro de Arte SOCTIP; trabalhou como ilustrador, colaborando, por exemplo, com as revistas surrealistas Brumes Blondes (Holandesa), Phases (Francesa) e La Turtue-Lièvre (Canadiana) e realizou, entre outras, ilustrações para Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica (dos Cancioneiros Medievais à Actualidade) de Natália Correia que originou um processo por “abuso de liberdade de imprensa”; Executou, ainda, cenários para a Companhia Nacional de Bailado e para a Companhia de Bailado da Gulbenkian. No campo literário, para além da poesia, redigiu prefácios para exposições dos seus amigos e colegas pintores.

Cruzeiro Seixas está representado no Museu do Chiado (Lisboa); Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa); Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro; Museu Nacional Machado de Castro (Coimbra); Museu Francisco Tavares Proença Júnior (Castelo Branco); Fundação António Prates (Ponte de Sôr); Fundación Eugénio Granell (Galiza), etc.

Actualmente vive e trabalha em Lisboa.

Exposições Individuais (selecção)

1953 -48 desenhos, Luanda.
1954 -Objectos, colagens, poemas-objectos, Luanda.
1967 -Galeria Divulgação, Porto (com Mário Cesariny).
-Galeria Buchholz, Lisboa
1970 - 20 Bules e 16 Quadros , Gal. São Mamede, Lisboa
1972 - 24 Desenhos de 1972 , Galeria São Mamede, Lisboa.
1975 - Período Neo-realista 1940-1947 , Gal. S. Mamede, Lisboa.
- Guaches de África (1954-1958) , Gal. da Emenda, Lisboa.
1977
-Biblioteca Pública de Tomar.
- Sociedade Nacional de Belas-Artes (SNBA), Lisboa.
- Esta Estrada que me Segue…1945-1977 , Galeria da Junta de Turismo da Costa do Estoril.
- Desenhos e Pinturas 1947-1977 , Gal. Alvarez Dois, Porto.
1978
-Centro Cultural de Almancil.
- Museu de Francisco Tavares Proença Júnior, Castelo Branco.
1979 - Museu de Évora, Évora.
1980 - O Atelier de Cruzeiro Seixas , S. Mamede, Lisboa.
- Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, Coimbra.
1981 - Biblioteca e Museu Municipal de Amarante.
1982 - Galeria de Arte Moderna, Lisboa.
- Centro Cultural de São Lourenço, Almancil.
- Galeria da Junta da Turismo da Costa do Estoril (com Manuel Patinha).
1983 - Galeria Quetzal, Madeira.
- Galeria Francisco d'Ollanda, Beja.
1984 - Galeria Gilde, Guimarães.
- Galeria Leo, Lisboa (com Isabel Meyrelles).
1986 - Galeria Gilde, Guimarães.
- Galeria de São Bento, Lisboa.
1989 - Desaforismos , Galeria Soctip, Lisboa.
- Exp. Antológica na Galeria Soctip, Lisboa.
1991 - Galeria Neupergama, Torres Novas.
1992 - Galeria Funchália, Funchal.
1997 - 30 Labirintos Sem Saída , Galeria S. Mamede, Lx.
1999 - Elogio ao Papel , Galeria António Prates, Lisboa.
2000 - O Poeta e a Esfinge , Gal. Arte & Manifesto, Porto. - Cruzeiro Seixas , Fundação Cupertino de Miranda,V. N. de Famalicão.
2001 - É na linha do horizonte que está o infinito ,

Gal. Sacramento, Aveiro (com Eugénio Granell).

Exposições Colectivas (selecionadas)

1949 -I Exposição dos Surrealistas, Pathé-Baby, Lisboa.
1950 -II Exposição dos Surrealistas, Liv. Bibliófila, Lisboa.
1967 -XIII Expo Internacional de Surrealismo, São Paulo.
1969 - Exposição Internacional Surrealista, Haia, Holanda.
- O Objecto , Galeria Quadrante, Lisboa.
1970 - Novos Sintomas na Pintura Portuguesa , Gal. Judith da Cruz, Lisboa.
1972 - 10 Artistas da Gal. S. Mamede , Gal. S. Mamede.
1973 -Expo. Internacional de Homenagem a César Moro, Lima, Peru.
- Phases , Galerie du Passe Muraille, Lyon.
1974 - Maias para o 25 de Abril , Galeria S. Mamede, Lx.
- Phases , Musée D' Ixelles, Bruxelas.
1975 - O Cadáver Esquisito, Sua Exaltação Seguida de Pinturas Colectivas , Galeria Ottolini, Lisboa.
- Figuração Hoje , SNBA, Lisboa.
- Artistas Contemporâneos, e as Tentações de Santo Antão de Bosch , Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.
1976 - World Surrealist Exhibition. Marvelous Freedom
–Vigilance of Desire , Chicago.
1977 - A Arte Portuguesa Contemporânea , Brasília; São Paulo; Rio de Janeiro.
- Galeria Bouma, Amesterdão.
- Cultura Portuguesa , Pal. dos Congressos, Madrid.
- Mitologias Locais , SNBA, Lisboa.
- Phases , Galeria Malombra, Paris.
1978 - Imagination International – AustellungBildnerischer Poesie , Museu Bochum, República Federal Alemã.
- Surrealism Unlimited, 1968-1978 , Camden Arts Centre, Londres.
- Portuguese Art Since 1910 , Royal Academy of Arts, Londres.
- Arte Moderna , Lisboa.
1979 - Presença Viva de Wolfgang Paalen , Museu Carrilo Gil, Cidade do México.
- Arte Moderna , Lisboa.
- Mitologias Locais , Lisboa.
1980 - Phases , Galeria Verriére, Lyon.
- Papeles Invertidos , Santa Cruz de Tenerife, Canárias.
-Expo. organizada pela revista Acta Médica
-Portuguesa , Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
- Fernando Pessoa, el Eterno Viajero , Madrid.
1981 - Permanence du Regard Surrealiste , França.
-Centro de Arte Moderna/Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
- Azares da Expressão – ou a Teatralidade da Pintura Portuguesa , FCG.
1983 - Acrochage , Gal. da Junta de Turismo da Costa do Estoril.
- A Flor , Galeria Ana Isabel, Lisboa
- O Bicho , Galeria Ana Isabel, Lisboa.
1985 - Um Rosto Para Fernando Pessoa , CAM/FCG, Lisboa.
1986 - Le XXème au Portugal , Centre Albert Borschette, Bruxelas.
- O Fantástico na Arte Portuguesa Contemporânea , Lisboa.
1987 - Alberto Lacerda, o Mundo de um Poeta , FCG, Lx.
1988 -Galeria Chagal
- L' Expérience Continue , Musée des Beaux-Arts, Le Havre.
1990 - Dez Anos de Actividade , Galeria Leo, Lisboa.
1991 - A Cultura ao Serviço da Medicina , Fórum Picoas, Lisboa.
- A Morte de Inês , Galeria Soctip, Lisboa.
1992 - Arte Portuguesa nos Anos 50 , Biblioteca Nacional de Beja, Beja, Lisboa.
1994 - O Rosto da Máscara , C. Cultural de Belém, Lx.
- Primeira Exposição do Surrealismo (e Não). Obras de Colec. Doada pelo Eng. João Sobral Meirelles , Gal. S. Mamede.
- Surrealismo (e Não) , Fundação Cupertino de Miranda, V. N. de Famalicão.
1995 -Homenagem a Mário Henrique Leiria , Galeria São Mamede, Lisboa.
1996 - Visões Partilhadas. Obras de Colecções particulares de Famalicão , Fundação Cupertino de Miranda V. N. de Famalicão.
1997 -Le Surrealisme et L' Amour , Pavillon des Artes, Paris.
1998 - O que há de Português na Arte Moderna Portuguesa , Palácio Foz, Lisboa.
1999 - Desenhos dos Surrealistas em Portugal 1940-1960 , Museu Nacional Soares dos Reis, Porto.
- Surrealismo: Pintura – Desenho – Objectos – Textos
2000 - Le Mouvement Phases de 1952 à L'Horizon 2001 , França.
2001 - Surrealismo em Portugal 1934-1952 , Museu do Chiado,Lx
2004 Surrealismo Abrangente , obras e colecção particular de Cruzeiro Seixas, Fundação Cupertino de Miranda, Vila Nova de Famalicão.
2005 Primitivismus Contemporânius – Perve Galeria, Alfama,Lx
2005 – Arte Lisboa 05, Stand da Perve Galeria, Portugal.
2005 – 5º Aniversário da Perve Galeria, Perve Galeria, Lisboa

Bibliografia activa Local Onde o Mar Naufragou, «A Arte e o Livro», Edições Prates, 2001

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| Cruzeiro Seixas[Biografia]
 
 
 
Exposição "Cesariny, Cruzeiro Seixas, Fernando José Francisco e o passeio do cadáver esquisito"
 
 
Cesariny - Obra - Texto Crítico - Biografia
Cruzeiro Seixas - Obra - Texto Crítico - Biografia
Fernando José Francisco - Obra - Texto Crítico - Biografia
Cadáveres Esquisitos - Súmula
Livro em serigrafia - Serigrafias - Joias
Fotografias da Inauguração - 02/11/2006
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