"Percorre
a obra de Mário Botas a questão do eu e do não eu, teorizada
por Fichte e evocada por Baudelaire no terceiro capítulo de Le Peintre
de la Vie Moderne, que trata do Artista, Homem do Mundo, Homem das Multidões
e Criança: "Assim o apaixonado da vida universal entra na multidão
como se ela fosse um imenso reservatório de electricidade (...) É
um eu insaciável do não eu, que, a cada instante, o exprime
em imagens mais vivas que a própria vida, sempre instável e
fugidia".
Almeida Faria
"Na
primeira fase, puramente lúdica, da criação, o artista
lança sobre o papel linhas indecisas sem projecto: são as inflexões
e intersecções dessas linhas que sugerem e suscitam formas orientadas.
À medida que novos contornos correm e confluem, inspiram seres particulares
em que o artista insufla propósitos, projectos, premeditações,
e que logo defrontam os seus comparsas recém-chegados à imagem."
António Vieira